Thursday, November 9, 2017

ESCONDERIJOS (uma crônica de Marcelo Rayel Correggiari)



Essa sofrida Mercearia é recorrente no tema de (re)citar o aforismo 289 do “Além do Bem e do Mal”, de Friedrich Nietzsche (Röcken, Alemanha, 15 de outubro de 1844 – Weimar, Alemanha, 25 de agosto de 1900), algo que pode pode ser bem traduzido pela célebre frase de um pugilista brasileiro de nome Adilson Rodrigues, o “Maguila”, que dizia em alto e claro: “Boca fala o que quer, papel aceita o que escreve”. Reiteramos o devido cuidado que o(a) querido(a) freguês(a) sempre precisa ter com os discursos, porque alguns (não todos!) podem servir de “cortina-de-fumaça” para coisas que são absolutamente inconfessáveis. Um dos problemas que o ser humano fatalmente enfrenta é o enfrentamento de tornar real dentro de si mesmo(a) aquilo que o(a) move. Pode parecer banal isso, num século XXI cheio de alternativas, possibilidades, modos de vida, estilos, formas de ser, debates, elaborações... tuuuuuuuuuuuuuuudo baboseira! O bicho humano continua com as mesmas travas, com os mesmo freios de sempre, e por mais que se propague a ideia de ‘liberdade’ nos dias de hoje, assumir aquilo que se é, assumir aquilo que te move, ou simplesmente assumir que está apaixonado(a) por uma pessoa continua sendo uma espécie de ‘confissão do cometimento de um crime hediondo’. Um custo! Um custo ter de mudar a condução da própria vida, de tudo o que vinha sendo até então, porque há algo ou alguém novo nela que mexe demais com a gente. Parece banal nesses tempos... mas não é! Continua sendo um parto para lá de doloroso assumir, por exemplo, que se gosta de alguém. Sem contar assumir o que se é diante de dogmas e até mesmo preconceitos que a sociedade (por inúmeras razões) sustenta até hoje. Não é fácil! Não é simples. Ser o que se é e bancar o que se sente. Portanto, querido(a) freguês(a), certos cuidados com esse monte de ‘ctrl+c/ctrl v’ diante dos seus olhos: podem ser a mais sofisticada “cortina-de-fumaça” para paixões que vocês nem fazem ideia.

Tem-se uma idéia razoavelmente equivocada de que o ser humano expressa aquilo que sente. É o contrário: o ser humano tende a esconder aquilo que lhe cala fundo.

Marcelo Rayel Correggiari
nasceu em Santos há 48 anos
e vive na mítica Vila Belmiro.
Formado em Letras,
leciona Inglês para sobreviver,
mas vive mesmo é de escrever e traduzir.
É avesso a hermetismos
e herméticos em geral,
e escreve semanalmente em
LEVA UM CASAQUINHO



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